Modos de Olhar

Abre hoje em Recife, na Arte Plural Galeria,( Rua da Moeda, 140 – Recife Antigo) a exposição de Francesco Zizola: “Modos de Olhar”. É o início do projeto ” Francesco Zizola, um olhar sobre o mundo” que abriga mais duas exposições, uma em São Paulo e outra no Rio.

Leia aqui.

Em Modos de Olhar uma visão diferente de Zizola conhecido no mundo por seus trabalhos nas áreas de conflitos. Um olhar particular. Duas séries de fotos The Wall e Findings.

Com a palavra o próprio Francesco Zizola:


FINDINGS: Estas imagens fazem parte de uma pesquisa que desenvolvo há anos: juntar objetos reencontrados, ligando presente e passado. Como o arqueólogo estuda as civilizações e as culturas por meio de suas marcas – findings –, assim os objetos retratados em minhas fotos relembram momentos passados, mas ainda capazes de nos envolver. Esta é uma série sobre Roma – onde nasci e também a cidade da história –, que com seus 3 mil anos ainda sugere analogias com o presente.

O MURO: Fiz estas fotos na Alemanha, num dos momentos mais relevantes da história mundial: a queda do Muro de Berlim. Era 1989, e o evento pôs fim à Guerra Fria. Fotografei com uma Polaroid. Uma obra anômala, talvez, mas que revela minha visão particular de mundo.

A visitação começa amanhã dia 20. Não perca!

Mega evento de Francesco Zizola no Brasil

Minha empresa “Arte em Foco”está trazendo para o Brasil um mega-evento envolvendo o premiado fotojornalista italiano Francesco Zizola, reconhecido internacionalmente e um dos membros fundadores da Noor Image.


Apresentamos a  trajetória deste fotojornalista nos seus 25 anos de carreira, trazendo  visões diversificadas sobre lugares, pessoas e paisagens que ele acompanhou, na maioria das vezes com a função de nos apresentar fatos que não poderíamos presenciar. Nem por isso, mesmo nas situações mais adversas, ele deixou de imprimir poética por meio de seu olhar crítico.O projeto é uma concepção curatorial de Simonetta Persichetti e Francesco Zizola e pretende anteceder o início do ano Itália no Brasil, que ocorrerá em 2011.

Serão apresentadas três exposições diferentes, porém simultâneas, em três galerias do Brasil: Recife (Modos de Olhar), São Paulo (Linha de Frente) e Rio de Janeiro (Onda Carioca).

Mas a idéia não apenas mostrar imagens, mas trazer todo um trabalho curatorial que vai envolver workshops e lançamentos de livros.

Abaixo você pode acompanhar a programação:

Exposições:

Dia 20 de outubro – Recife – Modos de olhar – ARTE PLURAL GALERIA

Dia 21 de outubro – São Paulo – Linha de Frente – TERRITÓRIO DA FOTO

Dia 29 de outubro – Rio de Janeiro – Onda Carioca – ATELIÊ DA IMAGEM

No dia da abertura de cada  exposição Hélio Campos Mello, da revista Brasileiros, entrevistará Francesco Zizola.

ATIVIDADES COMPLEMENTARES

Workshops

Recife:

Dias 15 e 16 de outubro. Informações:

arteplural@artepluralgaleria.com.br

São Paulo:

Dias 22 e 23 de outubro. Informações:

atendimento@territoriodafoto.com.br

Rio de Janeiro:

Dias 27 e 28 de outubro. Informações:

info@ateliedaimagem.com.br

NOITE DE AUTÓGRAFOS

Dia 25/10 – Fnac/Pinheiros – São Paulo – 19 h.

Praça Omaguás, 34

Dia 26/10 – Barra Shopping – Rio – 19 h.

Av. das Américas, 4666 – Barra da Tijuca                      A

Contamos para a realização do projeto com a ajuda de vários interessados na fotografia:

Ipsis, Gráfica e Editora que patrocinou a publicação do catálogo

Fnac Brasil, que importou o livro “Born Somewhere”,

Institutos Italianos de Cultura Rio de Janeiro e São Paulo que possibilitaram a vinda de  Francesco Zizola ao Brasil,

10b Phtotography, responsável pelo tratamento e impressão das fotografias.

Brasileiros por sua ajuda na curadoria e divulgação do projeto.

Pensadores da Fotografia II no MAM-SP

Cada vez mais a fotografia é o centro das atenções e de debates no cenário internacional. Este curso volta-se para a compreensão dessa forma de expressão, a partir do pensamento dos autores: Vilém Flusser (Filosofia da Caixa Preta e O Universo das Imagens Técnicas), André Roullie(Fotografia- entre documento e arte contemporânea), Edmond Couchot (Tecnologia na Arte; fa fotografia à realidade virtual) e José de Souza Martins(Sociologia da Imagem e da Fotografia).     

São 4 aulas, aos sábados de manhã: das 10:30h. às 12.30h.

Começa dia 14 de agosto. Ainda tem vagas!

Informações aqui

Imagens contam uma década de história

Clube de Colecionadores do MAM abre exposição no seu aniversário

 

Simonetta Persichetti – O Estado de S.Paulo

   

De Thomaz Farkas. Da década de 40, registro simples e revelador da infraestrutura de uma São Paulo em transformação

            Na última década, uma efervescência vem tomando conta do mercado fotográfico de forma geral. O tema está sempre na pauta das discussões sobre a arte contemporânea, festivais têm se multiplicado pelo Brasil e nossa produção cresce em progressão geométrica, assim como as coleções representativas em vários museus. 

O Clube de Colecionadores de Fotografia do MAM (Museu de Arte Moderna de São Paulo) é prova disso. Criado em 2000 pelo então curador do museu Tadeu Chiarelli, que já havia formado o Clube de Colecionadores de Gravura, e pela curadora-assistente Rejane Cintrão, ele só tem crescido. Já tem 55 obras e uma fila de espera para poder se associar. Para comemorar os dez anos do clube, o MAM organizou uma exposição, que será aberta hoje para convidados, na qual é possível acompanhar a trajetória da fotografia brasileira por meio de trabalhos de profissionais como Claudia Andujar, Maureen Bisilliat, Thomaz Farkas, German Lorca, Fernando Lemos, Luiz Braga, Rafael Assef, Rosângela Rennó, só para citar alguns nomes.

Como a finalidade da instituição é incentivar no Brasil o hábito de colecionar fotografias, antes da abertura da mostra haverá a palestra Ciclo de Colecionismo do Programa de Sócios MAM-SP, com mediação do curador Eder Chiodetto e participação de Tadeu Chiarelli e de Antonio Luiz, um dos primeiros associados do clube e colecionador de imagens.

Desde o início, a proposta foi a de representar uma produção mais experimental que se inicia no Brasil a partir dos anos 1990: “Este momento é, na verdade, uma retomada do experimentalismo trazido por profissionais como German Lorca, Thomaz Farkas e Geraldo de Barros, no fim da década de 1940 e início de 1950”, explica em entrevista ao Estado Eder Chiodetto, que desde 2006 é o curador do clube coordenado por Fátima Pinheiro. Momento em que a fotografia paulista quebra com as regras vigentes da produção muito mais ligada a uma corrente pictorialista e inaugura no País a era moderna do setor.

Nos anos 1960, porém, o registro experimental perde espaço para o fotojornalismo crescente que, durante 20 anos, foi a linguagem principal da fotografia brasileira: “Fora exceções pontuais, a fotografia nacional atravessou um período de aproximadamente 20 anos distante do universo das artes plásticas. A guinada mais efetiva nessa direção se deu após o processo de abertura política, iniciado na metade dos anos 1980, que ajudou a fomentar um clima de diálogo com outras culturas, pautado por novas possibilidades de expressão e de representação, nas quais os artistas se voltaram para temas mais ligados a questões existenciais e subjetivas, em substituição às abordagens sociopolíticas”, recorda Chiodetto.

Com o mercado de colecionadores de fotografia em alta, o curador do clube dividiu a coleção em cinco frentes de pesquisas, numa forma não de catalogação, mas de mapear a diversidade da produção: Identidade Nacional, Documental Imaginário, Limites/Metalinguagem, Retrato/Autorretrato e Vanguardas Históricas.

Num momento em que voltam à tona discussões sobre o fazer fotográfico, diante da maciça presença de câmeras fotográficas em todos os eventos mundiais, dos debates sobre a banalização da imagem e o papel do fotógrafo, o clube parece que aponta exatamente para o lado oposto: “O crescente interesse pela fotografia se dá porque, com medo da banalização, as pessoas começaram a se interessar por essa arte e querem conhecer as suas diversas possibilidades narrativas”, acrescenta Eder Chiodetto. Nesse processo, uma exposição e um debate ajudam a explicar o caminhos dessa arte.

Fotografia Brasileira se une, se fortalece e se torna realmente nacional

Neste último final de semana, 120 produtores culturais da fotografia brasileira se reuniram em Brasília no intuíto de discutir entre si  e com o Minc idéias e projetos que possam criar uma rede do fazer fotográfico brasileiros. Foram 9 os grupos de trabalhos criados: 

GT1 – Políticas públicas para fomento, pesquisa e difusão da fotografia

GT2 – Meios de difusão e canais de comunicação

GT3 – Ensino da fotografia: instituições de ensino e cursos livres

GT4 – Relações internacionais

GT5 – Formato da Rede

GT6A – Direito autoral e direito de imagem

GT6B – A questão fiscal

GT7 – Memória da produção contemporânea

GT8 – Modelos de gestão de rede, encontros e festivais

GT9 – Projetos socioculturais

Foi um sucesso que culminou na manhã de domingo com palestra do próprio ministro da cultura Juca Ferreira. Infelizmente eu não pude estar presente. Por isso deixo a quem esteve a narrativa do que aconteceu.

Vocês podem seguir diretamente no blog do Clício Barroso: um dos pilares desta idéia junto com Iatã Cannabrava.

Os textos vocês lêem aqui, aqui, aqui e aqui

As fotos podem ser vistas aqui.

Os varios tempos da fotografia

Segunda-feira, dia 17 de maio, tive a felicidade de participar de um bate papo sobre imagem, fotografia, visualidade, articidade, junto com o artista plástico Sergio Fingermann, o fotógrafo Marcelo Greco e uma platéia (com acento ou sem?) de mais ou menos 40 pessoas no Espaço Contraponto, na Vila Madalena.

O mote foi a exposição do Marcelo ” Tempos Misturados”. Um trabalho interessante, coeso que mostra um olhar fotográfico e uma busca imagética, do fazer, da construção da fotografia por parte do Marcelo. Um trabalho que supreende – no que esta palavra tem de bom – pela poética e pela forma, podemos dizer até despudorada como  as imagens se oferecem a quem tem interesse em olhar.

Durante duas horas e meia ficamos conversando, pensando a imagem. Tentando compreender seu papel neste momento, sem deixar de lado as críticas à superficialidade ruim com a qual hoje se apresentam trabalhos, muito em torno da área de eventos muito mais do que na área do afeto artístico.

A delicadeza com a qula Sérgio aborda a questão de articidade, de visualidade é emocionante. Coloca o artista  – em sentido lato – como um ser político e ético. Discutimos também o processo de construção de imagens, o momento no qual o artista sente que encontrou o caminho. Sérgio definiu muito bem: “fujam das armadilhas dos afetos e desconfiem daquilo que gostam”!.

Um papo como há muito não precensiava. Um bela noite, que pelo menos a mi, me encheu de vontades, de propostas e me vez pensar e repensaro que faz a imagem.

A exposiçaõ do Marcelo Greco vai até 5 de junho. Vale a pena ver.

O Espaço Contraponto fica na Rua Medeiros de Albuquerque, 55 – Vila Madalena.

Arte Plural cria grupos de estudo sobre edição e história da fotografia

Já estão abertas as inscrições para os Grupos de Estudo de “Edição” e de “História da Fotografia”, que terão a orientação da jornalista e crítica de fotografia Simonetta Persichetti, na Arte Plural Galeria. Os encontros serão realizados uma vez por mês, a partir de abril.

 O grupo de Edição de Fotografia vai abordar, em aulas práticas e teóricas, formas criativas e eficientes de editar uma imagem. Dentro do programa, o aluno irá aprender técnicas de como criar ritmo de leitura para uma publicação ou portfólio; saber como determinada fotografia pode ser aproveitada por programas de edição ou não; se acostumar com as diversas possibilidades de compreensão de um ensaio e escolher entre um trabalho ilustrativo e outro comunicativo. Os encontros serão nos dias 12 de abril, 10 de maio e 14 de junho, das 19h às 23h. 

Já o grupo de História da Fotografia visa a compreender a transformação dos códigos e de visualidade a partir da invenção da foto. Através de vídeos e projeções de imagens, serão estudados os principais movimentos e o surgimento da linguagem fotográfica, além de abordar um pouco da biografia dos principais profissionais na área. Os encontros serão nos dias 9 de agosto, 13 de setembro, 18 de outubro e 8 de novembro, das 19h às 22h.  

Os interessados devem correr, pois as vagas são limitadas.

O custo por participante é de R$ 350, em cada grupo, com 15% de desconto para associados da Fototech (apresentar a carteira de associado). O preço também será facilitado para quem se matricular em ambos os grupos, que sairão por R$ 300, cada. Ou em 3 vezes no cartão Visa

SERVIÇO:

Grupo de Edição de Fotográfica

Datas: 12/04, 10/05 e 14/06 – Horário: 19h às 23h. 

Grupo de História da Fotografia

Datas: 09/08, 13/09, 18/10 e 08/11 – Horário: 19h às 22h.

 Inscrição
Na Arte Plural Galeria – Rua da Moeda, 140, Bairro do Recife – Recife – PE;

Informações: (81) 3424.4431 – arteplural@artepluralgaleria.com.br

www.artepluralgaleria.com.br

Biblioteca ampliada

Voltei da Italia cheia de livros: dos que eu trouxe (seis) dos que ganhei  quando aqui cheguei e achei em meu escritório (quatro). Agora é  o tempo para ler todos eles.  Na verdade só comprei dois. O resto ganhei mesmo.

Ainda bem. Então vamos dividir:

Livros Teóricos:

La Fotografia: una Storia Culturale e Visuale – Graham Clarke, Piccola Biblioteca Eunaidi

L’Errore fotografico : una breve storia – Clément Chéroux, Piccola Biblioteca Eunadi.

Estética da Fotografia: perda e permanência – François Soulages, Editora Senac

Livros de Fotógrafos:

Ugo Pellis, un fotografo in movimento – Societá Filologica Friulana.

Uomini e Cose, Ugo Pellis, Fotografie, Sardenha 1932-1935. Giunti

Iraq- Francesco Zizola, EGA

Born Somewhere – Francesco Zizola, Unidea

Robert Frank: The Americans, Looking In – Expanded Edition,

Bettina Rheims-Shangai, PowerHouse Books.

Hidegard Rosenthal: Métropole – IMS

Delícia, tenho leituras para mais de mês. Depois, se conseguir, faço resenha de cada um destes livros. Mas é muita coisa e todos lindos!!!

Imagens sem Fronteiras

Este texto não é novo. Saiu no Caderno 2 do Estadão no final do ano passado, mais precisamente no dia 28 de dezembro. Eu mesma, só vi o texto quando voltei ao Brasil. Mesmo assim eu gostei e acho que vale a pena transcrevê-lo aqui já que é uma análise dos eventos fotográficos do ano passado. Portanto lá vai:

O reconhecimento do valor cultural da fotografia é algo ainda relativamente novo no campo das expressões e das ciências humanas. Tratada muitas vezes como suporte, como estudo, ela se viu transformada nos últimos anos em protagonista e também matéria-prima do fazer e das discussões em relação à imagem contemporânea.

Neste ano, pudemos ver isso de forma prática e não apenas na literatura ou nos campos acadêmicos. Nos últimos 20 anos, tem sido foco de discussão e reapresentação ou ressignificação de sua própria ontologia. Isso fica evidente quando ela – que sempre fez parte dos acervos museológicos como ferramenta objetiva ou de informação da modernidade – passa a fazer parte das galerias, das feiras de arte, como expressão que não representa, mas apresenta conceitos e significados que vão além da superfície bidimensional.

Dessa forma, pudemos apreciar exposições que retomaram o que se considera a imagem clássica como a do mestre da fotografia francês Henri Cartier-Bresson (1908-2004), reconhecido por suas imagens jornalísticas, mas que apresentadas como retrospectiva do autor – e pela sua própria edição – provaram muito mais a evolução de seu olhar, do seu pensamento imagético, do que propriamente uma narrativa de mundo. O mesmo pode ser dito da exposição de retratos de fotojornalistas do Estado, que inaugurava a entrada da SP-Arte/Foto, evento que reuniu 17 galerias e mais de 300 imagens. Os retratos, editados pelo jornalista Antonio Gonçalves Filho, privilegiavam o olhar autoral de cada artista, ou, melhor dizendo, repórter-fotográfico, na citação clara de que pensar que fotojornalismo não tem estética é mais uma falácia em torno da pequena-grande história da fotografia. Outra mostra que trouxe à tona essa discussão é a de Walker Evans (1903-1975), conhecido por seu trabalho durante a depressão americana da década de 1930.

Pensar a fotografia como objeto e não como ferramenta, obviamente não é novo, nem fruto do século 21. Considerada a expressão moderna por excelência, foi tomada de assalto pelos artistas vanguardistas, das primeiras décadas do século 20, que dela se apropriaram justamente por causa de sua funcionalidade, e aqui devemos destacar, com mais ênfase, dadaístas e surrealistas. As questões hoje são outras, falar da funcionalidade da fotografia já se tornou uma não-questão. Mas outras problemáticas acabam surgindo como a da sociedade do entretenimento, na qual quase todas as imagens se destacam não pelo seu conteúdo, mas por uma estética vazia, que transforma imagens em espetáculo no que de pior tem esta palavra.

E embora tenhamos visto excelentes mostras neste ano, a quantidade de fotos em cada uma – 150, 200, 300 – demonstra uma vontade de assombrar sem nada acrescentar. Caso por exemplo da exposição de Vik Muniz, uma mostra midiática em que se confunde o fazer artístico com o fazer espetáculo. Grandes produções, belos shows. Na contramão desse tipo de evento, no Itaú Cultural, a mostra A Invenção de Um Mundo, recorte do acervo da Maison Européenne de la Photographie, com curadoria de Eder Chiodetto e Jeal-Luc Monterosso, nos apresenta a imagem contemporânea pensada a partir da subjetividade de seu autor. A escolha dos curadores, bastante definida e dirigida, nos exibe artistas que por parábolas e metáforas acabam por questionar essa falta de profundidade a que temos assistido repetidamente. Como se a fotografia, ou a imagem, se bastasse por si. Seguindo essa linha da reflexão cognitiva e não do reflexo-espelho, tivemos as imagens de Robert Polidori, fotógrafo canadense trazido ao Brasil pelo Instituto Moreira Salles. E adota o grande formato como uma forma de evidenciar a passagem do tempo. Suas fotografias trazem as marcas do caos urbano causado pelo homem ou pela natureza.

Mas não foi só nas exposições que a fotografia foi protagonista neste ano. Na área editorial também houve belas publicações. Ainda pelo Instituto Moreira Salles, tivemos os belos livros de Maureen Bisilliat e Marcel Gautherot (1910-1996). A Companhia das Letras publicou o Elogiemos os Homens Ilustres, uma matéria elaborada pelo jornalista James Rufus Agee e pelo fotógrafo Walker Evans. Outro ponto alto do ano para o segmento foram, sem dúvida, os festivais em Porto Alegre, Rio, São Paulo e Paraty, onde a discussão se fez presente nas várias entrevistas com autores de estéticas completamente diferenciadas.

Mas se tudo foi brilho neste ano para a fotografia aqui no Brasil, tivemos também duas perdas bastante relevantes. Morrem Otto Stupakoff (1935-2009), o primeiro fotógrafo de moda brasileiro que fez vida e carreira nos Estados Unidos, mas havia retornado ao Brasil; e Mario Cravo Neto (1947-2009), um artista que sempre se destacou pela força de seu trabalho, retratando de forma bastante singular a cultura brasileira, em especial, a baiana. Otto teve bela exposição organizada pelo IMS e Mario Cravo Neto, a mostra Eternamente Agora: Um Tributo a Mario Cravo Neto, com curadoria de Paulo Herkenhoff e Christian Cravo.

Foi um ano de pensar a fotografia, de discutir as imagens sem impor barreiras ou fronteiras. Um ano que parece ser a preparação para uma nova década que se inicia não só no fazer, mas, acima de tudo, no pensar a fotografia. O espaço conseguido parece ser irreversível. Cada vez mais ouviremos falar sobre ela.