Projeto mapeia livros de fotografia em 11 países e chega a 150 títulos

Esta matéria saiu no Caderno2 do Estadão no dia 24 de novembro.

Não deve ter sido fácil, mas deve ter sido fascinante. Durante quatro anos um conselho de colaboradores (Marcelo Brodsky, Iatã Cannabrava, Lesley Martin, Martin Parr e Ramón Reverté) – ajudado por fotógrafos, designers e editores de 11 países sul-americanos, e capitaneados pelo historiador de fotografia e crítico e curador espanhol Horacio Fernández – correu atrás da produção imagética latino-americana a partir do conceito de fotolivros, ou seja, publicações em que o autor é protagonista: “Um fotolivro não é um livro ilustrado por fotografias. O fotógrafo participa de toda criação e realização com um editor e um designer”, nos contou por e-mail de Madri Horacio Fernández. O resultado é o volume Fotolivros Latino-Americanos, que chega às livrarias pela Cosac Naify em coedição com a RM, Aperture e Images em Manoeuvre.

É a primeira vez que se realiza uma empreitada de tal porte que procura fazer um panorama do que já foi publicado do México até a Patagônia do começo do século 20 até o início do 21. Ao final temos mais de 150 títulos selecionados que conversam com a literatura, as artes plásticas, os momentos históricos e conturbados de nosso continente. Uma linha do tempo, dividida em nove temas: O livro do século 20, Palavra e Imagem, A cidade e os livros, Os esquecidos, Fotolivros de artistas, A imagem e o texto, Tempos difíceis, Cor, Os Contemporâneos. Temáticas que nos ajudam a pensar como identidade continental, mas ainda, talvez, não possamos falar de uma identidade estilística: “Não sei se podemos falar de um estilo latino-americano. O que podemos afirmar são algumas semelhanças. A fotografia latino-americana é culta, cosmopolita e urbana. Mas há diferenças também: por exemplo, em Cuba, os fotolivros são bem propagandísticos”, escreve Fernández. Mesmo assim, como o próprio autor anuncia na introdução do livro: “Os fotolivros nos permitem explicar as semelhanças, as influências, os estilos, tudo o que une os fotógrafos e também os separa.

Um trabalho que praticamente começou do zero, visto que nenhum levantamento desse tipo havia sido feito até então. A ideia nasceu em 2007 no 1.º Fórum Latino-Americano de Fotografia organizado por Iatã Cannabrava e Marcelo Brosky em São Paulo, no Instituto Cultural Itaú.

Durante os debates os pesquisadores, críticos e historiadores se deram conta dessa lacuna. Claro que no início sem dados e com impossibilidade de quantificar a produção não era possível prever o resultado: “Foi uma surpresa quando começamos a contabilizar os resultados e percebemos que havia publicações maravilhosas editadas nas mais diversas cidades, muito mais do que esperávamos. Viajei muito pela América Latina, visitando bibliotecas, sebos, fotógrafos. Escrevi para editores, designers, artistas, etc.”.

Surpresa maior foi a intenção de editoras como a mexicana RM, a norte-americana Aperture e a brasileira Cosac Naify de publicar a pesquisa. E, assim, em 256 páginas poderão ser vistos trabalhos de fotógrafos da Argentina, Bolívia, Brasil, Chile, Colômbia, Cuba, Equador, México, Nicarágua, Peru e Venezuela.

Destaque para nomes como o dos mexicanos Manuel Álvares Bravo e Graciela Iturbide, do chileno Sergio Larrain, dos brasileiros Claudia Andujar, Maureen Bisilliat, Boris Kossoy e Miguel Rio Branco, dos argentinos Sara Facio e Horacio Coppola e Marcus López, só para citar alguns nomes no meio de tantos que são apresentados. Do ponto de vista mais histórico uma surpresa como o livro de Pierre Verger, publicado em Buenos Aires em 1945: Fiestas e Danzas en el Cuzco y los Andes, ou os livros de Augustin Victor Casasola, sobre a Revolução Mexicana. Mas muito mais do que um livro ilustrado, este volume é uma verdadeira aula de história da fotografia latino-americana, ainda tão pouco discutida e conhecida. Vozes que finalmente vem à tona, encerrando anos de silêncio e desconhecimento. Um começo promissor, um primeiro passo que esperamos abra possibilidades para outras iniciativas ou pelo menos para um segundo volume dessa série: “Claro que esta é uma possibilidade, já que seguramente novidades vão surgir nos próximos anos, em vários países. Em relação ao Brasil, ainda há fotolivros de grande qualidade além daqueles apresentados neste volume”, finaliza Fernandéz.

Uma mostra sobre este compêndio será aberta em janeiro, em Paris, e depois vai a Madri, Nova York, São Paulo e Rio. Uma chance para conhecermos imageticamente o que já é conhecido por intermédio da literatura.

Uma aula de fotojornalismo

Estou lendo um livro sensacional: “Get the Picture: una storia personale del fotogiornalismo”, um relato do John G. Morris um dos mais importantes editores de fotografia. Foi editor da Life, durante a segunda guerra mundial, do Ladie’s Home Journal, onde teve a idéia de criar uma série “Um dia em família”que interessou muito o Edward Steichen e acabou dando origem a fantástica exposição no Moma “The Family of Man”nos anos 50. Em seguida ele foi  diretor da Magnum, trabalhou para o Washington Post e editor do New York Times. Desde 1983 vive em Paris. O livro é delicioso pois conta de forma informal de como é editar um jornal, suas relações com os fotógrafos e acima de tudo nos narra os bastidores do fotojornalismo. Um livro seminal que espero seja logo traduzido para o português! De qualquer forma também pode ser encontrado em língua inglesa:”Get a Picture; a personal history” . Na capa uma
foto do James Nachtwey , na minha opinão, o melhor fotojornalista do mundo, em ação em 1994. Uma leitura imperdível!

Como ler uma imagem: a fotografia contemporânea e suas problemáticas

Este texto saiu em agosto na revista Fotografia.

Leia e comente!

Analisar uma imagem é muito mais do que simplesmente reconhecer seu traço primeiro. É preciso entender as estéticas fotográficas.

Vou partir de um conceito – dentre os muitos possíveis – de que a fotografia antes de mais nada pertence a esfera da comunicação e não da arte. Está na sua ontologia, no seu DNA, na intencionalidade de quem a inventou.

Qual a função da imagem fotográfica. Partimos de uma premissa explicitada por Andre Rouillé: “fotografias não documentam objetos ou pessoas, mas documentam situações e representações”. Devemos portanto compreender a criação fotográfica dentro de um contexto sócio-histórico.

Há tempos a semiótica já nos ajudou a compreender que a significação das mensagens fotográficas é culturalmente determinada e sua recepção necessita de códigos de leitura.

Neste caminho contarei com a ajuda de autores como Umberto Eco (Os limites da Interpretação); Laurent Gervereau (Histoire Du visuel ao XX si`ecle) ;Lorenzo Vilches (La Lectura de la Imagen); Mrtine Joly ( A Imagem e sua Interpretação); Giuseppe Mininni (Psicologia Cultural da Mídia); Oliver Sacks ( O olhar da Mente); Ian Jefrrey (How to Read a Photography; Alberto Manguel (Lendo Imagens); Luciano Trigo (A Grande Feira) e Charlotte Cotton (A fotografia como arte contemporânea).

Diz Martine Joly: “como existem diversos tipos de imagens, existem inevitavelmente diversos tipos de interpretações. Nenhuma mensagem, seja ela qual for, pode se arrogar uma interpretação inequívoca”.

Mesmo assim devemos também lembrar (Umberto Eco) que a interpretação de uma obra não é ilimitada, existem regras de funcionamento.

Inegável também que muitas vezes somos reféns de nossos próprios olhos e de nosso referencial teórico e repertório cultural. Muitas vezes antes de interpretar uma imagem eu já criei um significado. Claro que isso não significa que ele permanece imutável. Mais uma vez recorremos a Joly: “em que medida nossa interpretação está já em parte construída, antes mesmo de termos acesso às mensagens visuais em concreto?”

Interpretar é conferir sentido. O contexto sócio-histórico de alguma maneira já nos “condiciona”a uma determinada interpretação: “o reconhecimento de representações pode requerer uma espécie de aprendizado, a compreensão de um código ou convenção além daqueles necessários para compreender os objetos”, relata Oliver Sacks.

A grande dificuldade que temos é afirmar categoricamente qual linha devemos seguir para interpretar as mensagens visuais. Martine Joly nos apresenta esta multiplicidade: conhecimento (formas que o homem dispões para se conhecer e conhecer seu ambiente); percepção (teoria da revelação do mundo); recepção (teoria da recepção das obras); leitura (semiologia/semiótica) e interpretação (os limites): “durantes anos privilegiou-se o autor, em seguida  a obra para terminarmos com o espectador. Todos estes conceitos, na verdade, podem ser resumidos num único: ler imagem e atribuir significados. Interpretar é criar um ritmo, uma leitura Possível, atribuir sentido e significado para aquilo que foi construído imageticamente.

Lembramos o que já sabemos: o caráter ambíguo da fotografia. Seguindo as linhas Teóricas da semiótica e pensando na fotografia como vestígio do real (portanto indiciária) ela afirma a existência, mas por ser representação ela sempre uma ficção.

Aqui quem nos ajuda é o Alberto Manguel: “…a existência passa em um rolo de imagens que se desdobra continuamente, imagens capturadas pela visão e realçadas ou moderadas pelos outros sentidos, imagens cujos significados (ou suposição de significados) varia constantemente configurando uma linguagem feita de imagens traduzidas em palavras e das palavras traduzidas em imagens, por meio das quais tentamos abarcar e compreender nossa existência”. Portanto estamos na área dos símbolos, sinais, mensagens, alegorias: “a imagem da origem a uma história que por sua vez dá origem a uma imagem”. Mudanças de pontos de vista, mudanças de interpretações.

A partir destas premissas tentamos compreender a construção da fotografia contemporânea e suas problemáticas.  Começamos com uma frase do pintor Kandisky e que também inicia o livro de Luciano Trigo “A grande Feira”: “Cada época cria uma arte que lhe é própria e que nunca renascerá”. Parece que a arte própria da nossa época é aquela conseguida por meio da imagem fotográfica. A fotografia está na moda: todos falam sobre fotografia, festivais se sucedem pelo Brasil, cursos acadêmicos abrem sucessivamente no Brasil todo, fotografias estão sendo o tempo todo mostradas para nós. Mesmo assim parece que ainda existe um vácuo, um grande vazio sobre o pensar fotografia. Discussões giram sempre em torno de clichês do tipo : “hoje todo mundo fotografa”, “hoje qualquer um é fotografo”. Ora isso acontece desde a invenção da fotografia. Não é nenhuma novidade. A novidade é que fala-se mais sobre isso.  E daí que todo mundo fotografa? Alguém ficaria triste se todo mundo fosse alfabetizado? Soubesse ler e escrever? Qual é o problema? Reserva de mercado? Esquece-se que quanto mais as pessoas fotografarem maior será sua capacidade de alfabetização visual, de saber compreender a dificuldade em fazer uma imagem. Nem todo mundo que sabe ler e escrever é Machado de Assis.  O que deveriam dizer os cineastas então, quando agora qualquer fotografo acha que pode fazer um vídeo? Um filme? E muitos de péssima qualidade sem a menos linguagem cinematográfica? Sim, fotografa-se muito hoje, mas nunca se viu tão pouco.

O que estamos vendo? Qual o papel da fotografia?  Construções artísticas (no sentido mais amplo desta palavra) ou atendimento a um mercado das galerias. Como ler e interpretar um imagem hoje? Ainda nos referenciando ao livro do Luciano Trigo, lemos logo nas primeiras páginas: “o sonho que qualquer jovem artista é ser absorvido pelo sistema, ter conotação internacional, expor nas galerias e museus da moda aparecer na mídia”. E é isso que vemos hoje, curadores e professores referenciando obras que ele mesmo cultivam, criadores de fogos de artifício. Sempre as mesmas pessoas nos mesmos lugares, um ou dois no máximo curadores da moda que nos obrigam a ver sempre as mesmas obras das mesmas pessoas.

Por outro lado é bem verdade que nunca se falou tanto sobre fotografia. Diz Charlotte Cotton: estamos vivendo um momento excepcional para a fotografia, pois hoje o mundo da arte a acolhe como nunca o fez e os fotógrafos consideram as galerias e os livros de arte o espaço natural para expor seu trabalho”.

Repetimos a pergunta, o que estamos vendo? “A percepção não se separa da compreensão. Todo ato de ver implica em saber o que se vê”, ensina Lorenzo Vilches. Portanto embora uma imagem possa remeter ao visível, tomar alguns traços emprestados do visual, sempre depende da produção de um sujeito. Lê-la não é tão natural como parece: Ö fato de o homem ter produzido imagens no mundo inteiro, desde a pré-história até nossos dias, faz com que acreditemos sermos capazes de reconhecer uma imagem figurativa em qualquer contexto histórico e cultural. No entanto deduzir que a leitura da imagem é universal revela confusão e desconhecimento”(Martine Joly).

Ler uma imagem da contemporaneidade é tentar compreender a demanda de produção, a falta de  substância ou espessura por trás de uma imagem ou que leva muitos criticos a criarem definições como estética inexpressivanascida na verdade nos anos 50 na escola alemã; ou “imagens de alguma coisa”, fotografias que nascem do mero encontro casual; ou a “fotografia de conseqüência”, a que se liga mais ao documental., fotógrafos que desconstroem o fotojornalimo, fotografando temas ligados à imprensa mas com um olhar artístico”.

Ler uma imagem contemporânea é compreender que ninguém quer mais ser fotografo hoje em dia, todos querem e se autodenominam artistas. Mas ao mesmo tempo que procuram criar novas estéticas, a fotografia – sempre independente – se transforma hoje pela mão destes artistas”na imagem do banal, banalidade, um “fotografia sem qualidade”, como afirma Dominique Baqué fazendo referencia ao livro de Musil “Um homem sem qualidade”.  A arte do banal. A fotografia volta  a ser a arte de expressão de massa por excelência.

A visão de Aleksandr Ródtchenko

É a busca de uma nova visão, um olhar que se distancia do registro, que tem uma força comunicacional extrema. Uma imagem sintética que desconcerta. Embora construcionista o olhar de Ródtchenko desconstrói nossas certezas, nossas formas de olhar.

Pela primeira vez no Brasil, uma retrospectiva de seu trabalho é apresentada. Primeiramente no Rio de Janeiro, no Instituto Moreira Salles e no ano que vem, em fevereiro, será a vez de São Paulo, na Pinacoteca do Estado.

São 300 obras entre fotografias, fotocolagens, capas de livros, que resumem os 30 anos de atividade intensa do autor. A seleção das imagens foi organizada pela Moscow House of Photography e com curadoria de Olga Svíblova (diretora do Museu).

Os anos em que Ródtchenko inicia a fotografar (1924) correspondem na Europa a época das vanguardas artísticas quando todos os cânones de representação começam a ser questionados e derrubados. Mas na entrada da década de 1920 encontramos revoluções que vão além da estética artísticas e se colocam como verdadeiras revoluções culturais, caso do surrealismo e das experimentações da Bauhaus. Não podemos esquecer também que nesta época, a Revolução Russa não havia completado dez anos e era necessário criar até imageticamente toda uma nova representação.

Aleksandr Ródtchenko (1891-1956) foi um dos grandes inovadores da arte de vanguarda do século XX. Aclamado internacionalmente como pintor, escultor e designer gráfico, Ródtchenko iniciou-se na fotografia na década de 1920. “Em 1924, a fotografia foi invadida por ele com o slogan ‘Nosso dever é experimentar’ firmado no centro de sua estética. O resultado dessa invasão foi uma mudança fundamental nas ideias sobre a natureza da fotografia e o papel do fotógrafo”, explica a curadora Olga Svíblova, diretora da Moscow House of Photography. Ródtchenko aliou a experimentação formal a preocupações documentais sobre a vida política e social da União Soviética em seu período inaugural, dos anos de Lenin até o regime repressor iniciado por Stalin (que o colocou no ostracismo nos seus últimos 20 anos de vida). “Ele introduziu a ideologia construtivista na fotografia e desenvolveu métodos e instrumentos para aplicá-las”, completa Olga.

Exposição Aleksandr Ródtchenko: revolução na fotografiaos

Exposição: de 5 de novembro de 2010 a 6 de fevereiro de 2011

De terça a sexta, das 13h às 20h

Sábados, domingos e feriados, das 11h às 20h

Entrada franca

Classificação livre

De terça a sexta, às 17h, visita guiada pelas exposições. Ponto de encontro na recepção.

Visitas monitoradas para escolas: agendar pelo telefone (21) 3284-7400.

Mega evento de Francesco Zizola no Brasil

Minha empresa “Arte em Foco”está trazendo para o Brasil um mega-evento envolvendo o premiado fotojornalista italiano Francesco Zizola, reconhecido internacionalmente e um dos membros fundadores da Noor Image.


Apresentamos a  trajetória deste fotojornalista nos seus 25 anos de carreira, trazendo  visões diversificadas sobre lugares, pessoas e paisagens que ele acompanhou, na maioria das vezes com a função de nos apresentar fatos que não poderíamos presenciar. Nem por isso, mesmo nas situações mais adversas, ele deixou de imprimir poética por meio de seu olhar crítico.O projeto é uma concepção curatorial de Simonetta Persichetti e Francesco Zizola e pretende anteceder o início do ano Itália no Brasil, que ocorrerá em 2011.

Serão apresentadas três exposições diferentes, porém simultâneas, em três galerias do Brasil: Recife (Modos de Olhar), São Paulo (Linha de Frente) e Rio de Janeiro (Onda Carioca).

Mas a idéia não apenas mostrar imagens, mas trazer todo um trabalho curatorial que vai envolver workshops e lançamentos de livros.

Abaixo você pode acompanhar a programação:

Exposições:

Dia 20 de outubro – Recife – Modos de olhar – ARTE PLURAL GALERIA

Dia 21 de outubro – São Paulo – Linha de Frente – TERRITÓRIO DA FOTO

Dia 29 de outubro – Rio de Janeiro – Onda Carioca – ATELIÊ DA IMAGEM

No dia da abertura de cada  exposição Hélio Campos Mello, da revista Brasileiros, entrevistará Francesco Zizola.

ATIVIDADES COMPLEMENTARES

Workshops

Recife:

Dias 15 e 16 de outubro. Informações:

arteplural@artepluralgaleria.com.br

São Paulo:

Dias 22 e 23 de outubro. Informações:

atendimento@territoriodafoto.com.br

Rio de Janeiro:

Dias 27 e 28 de outubro. Informações:

info@ateliedaimagem.com.br

NOITE DE AUTÓGRAFOS

Dia 25/10 – Fnac/Pinheiros – São Paulo – 19 h.

Praça Omaguás, 34

Dia 26/10 – Barra Shopping – Rio – 19 h.

Av. das Américas, 4666 – Barra da Tijuca                      A

Contamos para a realização do projeto com a ajuda de vários interessados na fotografia:

Ipsis, Gráfica e Editora que patrocinou a publicação do catálogo

Fnac Brasil, que importou o livro “Born Somewhere”,

Institutos Italianos de Cultura Rio de Janeiro e São Paulo que possibilitaram a vinda de  Francesco Zizola ao Brasil,

10b Phtotography, responsável pelo tratamento e impressão das fotografias.

Brasileiros por sua ajuda na curadoria e divulgação do projeto.

Pensadores da Fotografia II no MAM-SP

Cada vez mais a fotografia é o centro das atenções e de debates no cenário internacional. Este curso volta-se para a compreensão dessa forma de expressão, a partir do pensamento dos autores: Vilém Flusser (Filosofia da Caixa Preta e O Universo das Imagens Técnicas), André Roullie(Fotografia- entre documento e arte contemporânea), Edmond Couchot (Tecnologia na Arte; fa fotografia à realidade virtual) e José de Souza Martins(Sociologia da Imagem e da Fotografia).     

São 4 aulas, aos sábados de manhã: das 10:30h. às 12.30h.

Começa dia 14 de agosto. Ainda tem vagas!

Informações aqui

Blanco, um ensaio de Stefano de Luigi

Sempre acreditei que uma das melhores coisas dos Festivais de Fotografia são os encontros que fazemos. Foi assim com Stefano de Luigi, fotógrafo da VII, cujo trabalho já conhecia, mas não a ele. Seu trabalho é excelente! Venceu por três vezes o World Press Photo (1998,2007 e 2009). Ótimo fotógrafo com uma delicadez incrível em se aproximar do assunto que fotografa. Mesmo quando o tema é pornografia, como é o caso de seu livro “Pornoland”, premiado em 2005. Não existe julgamento no olho de Stefano, mas constatação de uma situação. Uma vontade de narrar a história.

Seu ensaio Blanco, sobre cegueira, levou 5 anos para ser concluído. Ele viajou pelo mundo para registrar a situação. O resultado um livro, lançado neste ano,  e uma projeção (esta decididamente a assumidamente uma homenagem ao livro “Ensaio sobre a cegueira” de Saramago e ao filme do mesmo nome de Fernando Meirelles). Como escrevi no post anterior, foi a projeção aplaudida pelo público durante sua exibição na” Nuit de l’Année”, em Arles. Lindo e emocionante. Acho que o nome de Stefano de Luigi, deveria ser lembrado pelos organizadores de festivais fotográficos no Brasil.

Assista ao vídeo Blanco aqui.

 

Imagens contam uma década de história

Clube de Colecionadores do MAM abre exposição no seu aniversário

 

Simonetta Persichetti – O Estado de S.Paulo

   

De Thomaz Farkas. Da década de 40, registro simples e revelador da infraestrutura de uma São Paulo em transformação

            Na última década, uma efervescência vem tomando conta do mercado fotográfico de forma geral. O tema está sempre na pauta das discussões sobre a arte contemporânea, festivais têm se multiplicado pelo Brasil e nossa produção cresce em progressão geométrica, assim como as coleções representativas em vários museus. 

O Clube de Colecionadores de Fotografia do MAM (Museu de Arte Moderna de São Paulo) é prova disso. Criado em 2000 pelo então curador do museu Tadeu Chiarelli, que já havia formado o Clube de Colecionadores de Gravura, e pela curadora-assistente Rejane Cintrão, ele só tem crescido. Já tem 55 obras e uma fila de espera para poder se associar. Para comemorar os dez anos do clube, o MAM organizou uma exposição, que será aberta hoje para convidados, na qual é possível acompanhar a trajetória da fotografia brasileira por meio de trabalhos de profissionais como Claudia Andujar, Maureen Bisilliat, Thomaz Farkas, German Lorca, Fernando Lemos, Luiz Braga, Rafael Assef, Rosângela Rennó, só para citar alguns nomes.

Como a finalidade da instituição é incentivar no Brasil o hábito de colecionar fotografias, antes da abertura da mostra haverá a palestra Ciclo de Colecionismo do Programa de Sócios MAM-SP, com mediação do curador Eder Chiodetto e participação de Tadeu Chiarelli e de Antonio Luiz, um dos primeiros associados do clube e colecionador de imagens.

Desde o início, a proposta foi a de representar uma produção mais experimental que se inicia no Brasil a partir dos anos 1990: “Este momento é, na verdade, uma retomada do experimentalismo trazido por profissionais como German Lorca, Thomaz Farkas e Geraldo de Barros, no fim da década de 1940 e início de 1950”, explica em entrevista ao Estado Eder Chiodetto, que desde 2006 é o curador do clube coordenado por Fátima Pinheiro. Momento em que a fotografia paulista quebra com as regras vigentes da produção muito mais ligada a uma corrente pictorialista e inaugura no País a era moderna do setor.

Nos anos 1960, porém, o registro experimental perde espaço para o fotojornalismo crescente que, durante 20 anos, foi a linguagem principal da fotografia brasileira: “Fora exceções pontuais, a fotografia nacional atravessou um período de aproximadamente 20 anos distante do universo das artes plásticas. A guinada mais efetiva nessa direção se deu após o processo de abertura política, iniciado na metade dos anos 1980, que ajudou a fomentar um clima de diálogo com outras culturas, pautado por novas possibilidades de expressão e de representação, nas quais os artistas se voltaram para temas mais ligados a questões existenciais e subjetivas, em substituição às abordagens sociopolíticas”, recorda Chiodetto.

Com o mercado de colecionadores de fotografia em alta, o curador do clube dividiu a coleção em cinco frentes de pesquisas, numa forma não de catalogação, mas de mapear a diversidade da produção: Identidade Nacional, Documental Imaginário, Limites/Metalinguagem, Retrato/Autorretrato e Vanguardas Históricas.

Num momento em que voltam à tona discussões sobre o fazer fotográfico, diante da maciça presença de câmeras fotográficas em todos os eventos mundiais, dos debates sobre a banalização da imagem e o papel do fotógrafo, o clube parece que aponta exatamente para o lado oposto: “O crescente interesse pela fotografia se dá porque, com medo da banalização, as pessoas começaram a se interessar por essa arte e querem conhecer as suas diversas possibilidades narrativas”, acrescenta Eder Chiodetto. Nesse processo, uma exposição e um debate ajudam a explicar o caminhos dessa arte.

Pernambuco convidou, agora São Paulo Recebe

 

São Paulo recebe Pernambuco

Território da Foto reúne 11 fotógrafos pernambucanos e paulistas para uma exposição coletiva, a partir de 10 de junho. É a 1ª edição do projeto que visa promover um diálogo entre as mais variadas linguagens estéticas brasileiras    

Em uma iniciativa inédita em Pernambuco, a Arte Plural Galeria realizou no mês de março um novo projeto. O “Pernambuco Convida” funciona como um intercâmbio entre fotógrafos dos vários estados do País. Na 1ª edição, os pernambucanos Teresa Maia, Cláudia Jacobovitz, Mariana Guerra, Mateus Sá e Alexandre Belém receberam os paulistas Fernanda Prado, Celisa Beraldo, Marcello Vitorino, Gabriel Boieras, Paula Cinquetti e Luciana Cattani. São 11 profissionais com linguagens e intenções diferentes que se unem para apresentar ensaios totalmente livres em uma exposição conjunta.

Com curadoria da jornalista e crítica de fotografia Simonetta Persichetti, a ideia do projeto é convidar a cada ano um estado, criando um diálogo imagético entre os fotógrafos brasileiros. “Queremos conversar, convergir para, de alguma forma tentar remontar um panorama da fotografia do País. O que estamos produzindo é muito diferente? É semelhante? Isso importa?”, questiona Persichetti. “A vontade é juntar as mais diferenciadas vozes, ser um pólo aglutinador de tendências, experiências e do pensar fotográfico”, complementa.

O resultado desse novo projeto são 30 imagens que conversam entre si, se complementam, se afrontam, se questionam. As fotos poéticas de Fernanda Prado, que trabalha com memória e sentimento, encontram apoio nas casas de Alexandre Belém, feitas durante o intervalo de uma reportagem. O ensaio de Mariana Guerra acha eco na cobertura de Paula Cinquetti, não só pela cor vermelha que domina, mas pela pulsão de vida que transmite.

A cultura da natureza de Mateus Sá fala com o trabalho transcendental de Marcello Vitorino, que procura desvendar os mistérios do candomblé. Ambos de lados diversos falam de uma mesma busca da religião, homem e natureza. Aspecto que podem ser encontrados nas fotografias de Teresa Maia, onde um rapaz se relaciona com um manequim. Nesta mesma linha, estão as buscas de Claudia Jacobowitz, Celisa Beraldo, Gabriel Boieras e Luciana Cattani, do Território da Foto.

A inspiração para montar o “Pernambuco Convida” veio das saudosas semanas da fotografia dos anos 1980 criadas pela Funarte. “Nós acreditamos na diversidade e riqueza da produção fotográfica brasileira e, de alguma maneira, queremos retomar esta necessidade de diálogo, de conversa e de amostragem”, argumenta a curadora, que traz esta mesma exposição para São Paulo, a partir de 10 de junho, no Território da Foto.

Pernambuco convidou e agora São Paulo recebe.

 

SERVIÇO:

SÃO PAULO RECEBE PERNAMBUCO

Abertura: 09 de junho, às 19h

Visitação: de 10 de junho a 31 de julho – de segunda a sexta, das 10h às 18h, e sábados das 10h às 14h. Domingo é fechado.

Entrada: franca

Território da Foto, Rua Mateus Grou, 580 Pinheiros – São Paulo – SP

Informações: (11) 2737-7392

atendimento@territóriodafoto.com.br

Fotografia Brasileira se une, se fortalece e se torna realmente nacional

Neste último final de semana, 120 produtores culturais da fotografia brasileira se reuniram em Brasília no intuíto de discutir entre si  e com o Minc idéias e projetos que possam criar uma rede do fazer fotográfico brasileiros. Foram 9 os grupos de trabalhos criados: 

GT1 – Políticas públicas para fomento, pesquisa e difusão da fotografia

GT2 – Meios de difusão e canais de comunicação

GT3 – Ensino da fotografia: instituições de ensino e cursos livres

GT4 – Relações internacionais

GT5 – Formato da Rede

GT6A – Direito autoral e direito de imagem

GT6B – A questão fiscal

GT7 – Memória da produção contemporânea

GT8 – Modelos de gestão de rede, encontros e festivais

GT9 – Projetos socioculturais

Foi um sucesso que culminou na manhã de domingo com palestra do próprio ministro da cultura Juca Ferreira. Infelizmente eu não pude estar presente. Por isso deixo a quem esteve a narrativa do que aconteceu.

Vocês podem seguir diretamente no blog do Clício Barroso: um dos pilares desta idéia junto com Iatã Cannabrava.

Os textos vocês lêem aqui, aqui, aqui e aqui

As fotos podem ser vistas aqui.