Frase do dia

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“Técnica fotográfica se aprende em 15 minutos. Para ser fotógrafo se leva a vida toda!Gaspar Félix Tournachon, mais conhecido como Nadar (1820-1910).

Para quem acredita que fotografar é só uma brincadeira tecnológica….

Nadar em seu balão para fazer fotos aéreas.

Marilyn e Madonna

2_4_imagem_monroe.jpgmadonna-erotica-fever.jpgFiquei pensando sobre as imagens da Marilyn Monroe expostas no MAM do Rio e feitas pelo fotógrafo Bert Stern um pouco antes de sua morte (da Marilyn). Ver matéria hoje no Caderno2  do Estado de S. Paulo. Aliás fiquei pensando em todas as imagens dela de um modo geral. E aí fiz um paralelo com a Madonna. Pensei na fotografia, na imagem e na mídia. Marilyn foi totalmente usada (em todos os sentidos) pela mídia que fez dela o que quis: criou seu nome, a colocou onde queria, a tirou do centro das atenções, a mitificou e desmistificou) até ela chegar ao sucídio. Madonna, acho que é a vingança ou o lado B da Marilyn já que faz completamente o contrário. É ela que usa a mídia e faz o que quer, cria o personagem que quer e mantem vivo pelo tempo que lhe interessa.  Isso acaba refletindo nas fotografias, nos retratos. No olhar e na intencionalidade do fotógrafo e da fotografada. Marilyn submissa frente às câmaras, Madonna se impõe. Marilyn dá à foto o que as pessoas querem ver, Madonna imprime às fotos a sua vontade. O que a foto diz ou querdizer está na própria imagem. Dois ícones, dois simbolos, ambas frutos da mídia e do mercado de consumo. Atitudes completamente diferentes frente a uma imagem.

foto da Marilyn: Fábio Motta da agência Estado.

Nem percebi…..

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Meus caros,

não escrevi ontem porque ainda estava sob o efeito do caos aéreo para voltar para São Paulo de Londrina. Nem percebi que já se passou um mês desde que o tramafotografica entrou no ar. Gostaria de agradecer a todos. Neste tempo tive mais de cinco mil acessos!

Obrigada e agora vamos em frente!

Nas asas da Panair

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Amanhã cedo vou  para Londrina para meu curso na UEL (Universidade Estadual de Londrina), Especialização em Fotografia. Espero voltar com boas notícias sobre o mestrado que inicia o ano que vem. Já comentei este assunto aqui no blog.

Até segunda!

A paisagem de Claudia Jaguaribe

claudia1.JPG  Abre hoje na galeria Baró Cruz (Rua Clodomiro Amazonas, 526) a exposição “Quando eu vi” de Claudia Jaguaribe.Como sempre quando falamos Claudia Jaguaribe é um trabalho bonito, bem pesquisado e muito bem alavancado em suas preocupações. Há tempos ela  escolheu a fotografia para contar suas histórias. Neste trabalho o foco está na paisagem, mas não a paisagem renascentista que estamos acostumados a ver, mas uma paisagem que ela mesma constrói, fruto de sua maneira de ver e entender o mundo. Vale a pena conferir.

Leia minha matéria no Caderno2 do jornal Estado de S. Paulo de hoje!

Frase do dia!

   a_lheure.jpg “Fotografo o que não quero pintar e pinto o que não consigo fotografar.”Man Ray, fotógrafo norte-americano (1890-1976), ligado aos dadaístas.

Acho que esta frase escrita há tempos tem tudo a ver com as discussões que temos hoje sobre a imgem contemporânea.

A fotografia do Pará

Acabo de ler o livro “Sequestros”, (Belem- EDUFPA, 2007) de Orlando Franco Maneschy. É um tratado sobre a fotografia do Pará, mais especificamente sobre a imagem na arte contemporânea paraense.O livro, resultado de uma pesquisa viabilizada pelo Programa de Apoio ao recem Doutor, implementado pela Universidade Federal do Pará, é sim, apesar do que escreve ao contrário o professor Ernani Chaves no prefácio do livro, um mapeamento da arte fotográfica do Pará. É isso não é pouco. Não sei porque isso deveria ser menos. Não entendi o porque do professor achar que mapeamento é algo simples. Tendo em vista os textos teóricos sobre nossa fotografia não é.

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Ao contrário, Orlando Maneschy, fotógrafo e pesquisador de imagem nos traz sim um relato do desenvolvimento da fotografia no Pará e nos ajuda a entender como a produção se desenvolveu. Isso no meu entender, é muito mais interessante do que qualquer opinião ou crítica sobre um determinado trabalho. Ensaios teóricos como este e como o de Aristides Alves sobre a fotografia baiana, é que nos ajudam a criar um panorama da nossa criatividade e da nossa produção. Precioso o primeiro capítulo: Orlando parte  do histórico da fotografia na região para tentar explicar, ou melhor, como ele mesmo diz, compreender a cena contemporânea. É disso que nós precisamos. O resto são firulas.

E ele sabe disso. Tanto que seu segundo capítulo recebe o nome, acertadamente, de mapeamento da produção. Historicamente, mas sem querer ser didático o autor nos leva por meio de imagens e situações contextualizadas a entender como os artistas do Pará chegaram a esta produção atual. Quais os caminhos trilhados, quais as fontes, quais as vontades.

Isso aliás, têm sido uma constante nos último anos. temos alguns exemplos importantes como o livro de Angela Magalhães e Nadja Fonsêca Peregrino “Fotografia no Brasil: um olhar das origens ao contemporâno”; o livro já acitado acima do Aristides Alves “Fotografia na Bahia “ e agora “Sequestros”.

É um livro importante para pesquisadores, historiadores e também fotógrafos, pois além da parte teórica nos traz um amplo painel imagético. Aliás, este é um outro problema. Quando é que as editoras brasileiras (salvo raras exceções) vão entender que nos livros de fotografia a imagem é fundamental? Quando vão entender que ela precisa ser bem impressa, bem colocada que ela não é adorno, mas a questão centraldo livro?

O livro do Orlando Maneschy peca, como quase todos aliás, por isso. As imagens são  mal tratadas na edição. Pena!

 

Conversando com o Granulado!

Achei fantástico o post do Granulado sobre a fala de Alejandro Castellote. Realmente acho que naquela mesa ele foi a pessoa mais lúcida. Antes de mais nada ao fazer uma critica explicita aos curadores, críticos, museólogos, etc., quando os comparou a hierarquia eclesiástica. Ou seja, ou que alguns dizem que é bom, nós devemos dizer amém! Foi fantástico quando ele disse ter ficado surpreso com o desconhecimento da história da fotografia de alguns integrantes da mesa sobre mercado fotográfico. Foi ótimo! Mas a minha crítica é outra (que fique bem claro nunca ao Alejandro e muito menos ao Granulado) mas sim aos fotógrafos brasileiros, ou pelo menos alguns. Vocês já notaram como nossos colegas se adequam à hierarquia eclesiástica (plágio ao Alejandro). Chega de fotografar favelas, periferia, miséria, da maneira como a Santa Madre Fotografia quer! Que tal partir para viagens solos e fazer o que realmente sabemos fazer. Até que ponto nós também não fotografamos só o que os outros querem ver. Esta era uma discussão recorrente em sala de aula: a acomodação do fotógrafo brasileiro!

Isso só para provocar!!!!!!! E vai sem foto!

Mais uma frase

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(foto: Simonetta Persichetti)

Esta do escritor argentino Ernesto Sabato. Está no livro “O escritor e seus fantasma”, (Companhia das Letras, 2003)livro que ganhei  há alguns anos do Cristiano Mascaro, por dois motivos: o primeiro porque é uma foto de sua autoria (Cristiano Mascaro) que esta na capa e o segundo porque ele me disse que muitas coisas queestão no livro valem também para os fotógrafos. É verdade. Selecionei esta:”A metáfora não é um adorno, nem um inchaço da linguagem, nem a jóia que supunham os retóricos latinos, mas o único modo que o homem tem de expressar o mundo subjetivo”.

A voz do dono

2651.jpg Confesso que sempre me irritou esta questão em volta da fotografia do Che feita pelo Alberto Korda. (1928-2001). Me irritou no sentido das pessoas, ou algumas pessoas, especialmente no Brasil, divulgarem que Korda coitado não recebeu nunca nada pela foto e foi roubado pelo editor italiano Giangiacomo Feltrinelli. Sempre pensei que, se o Feltrinelli tinha a foto, era porque o própria Korda a entregou e não pediu nada. Mas a dúvida ética sempre persistiu, a questão do direito autoral também, mesmo na minha cabeça. No Estadão de ontem, no Caderno de Cultura, finalmente sabemos mais sobre esta história. A entrevista com o fotógrafo foi feita em 1988 pelo também fotógrafo cubano Roberto Paneque Fonseca e pelo brasileiro Ricardo Malta – um dos fundadores da famosa agência fotográfica F4.  Em trechos da entrevista publicados no jornal é o próprio Korda que afirma: “…me dou por satisfeito por Feltrinelli ter feito o favor a mim, um fotógrafo que se dedicava a fazer moda, de retratar a Revolução porque me coube a época em que vivi. Eu me sinto famoso de passar a posteridade com uma obra minha; não eu; uma obram inha, graças a Feltrinelli. Eu lhe dei a foto. Ele podia fazer o que quisesse com ela, porque eu a dei”. Ponto! Fim de discussões e divagações.  Um outra informação é que isso também aconteceu porque Fidel tinha abolido o direito autoral dizendo que era um atentado contra a cultura. E Korda estava de acordo com isso.

Bom, lembrando disso busquei em meus arquivos umaentrevista que fiz com Korda em 1997, via telefone para o Caderno2 do Estadão. Também porque esta matéria foi feita por ocasião dos 30 anos da morte de Che Guevara. Hoje são 40!

Reproduzo parte da matéria abaixo:

Estado: Como foi a chegada de Fidel Castro a Havana. O senhor tem fotos dessa época ou se juntou a revolução depois?

Korda: Não, eu estava lá desde o início e fiz uma das fotos mais famosas dessa época. Sempre estive ligado à revolução e saia às ruas para fotografar o espírito da época. 

Estado: Mas antes da revolução, no governo de Fulgêncio Batista, o senhor era um fotógrafo de moda, de publicidade…

Korda: Sim, isso foi na época capitalista. Eu sempre gostei da fotografia e gostava de fotografar moda, mas em seguida veio a revolução e eu gostava muito mais dela, acreditava nela. Então mudei de ramo.  

Estado: O senhor foi o fotógrafo oficial de Fidel Castro?

Korda: Oficial não, pessoal. Eu trabalhava para um jornal que se chamava “Revolucion”, diário oficial cubano e tive a oportunidade de trabalhar diretamente com Fidel inclusive acompanhando-o em várias viagens que ele fez ao exterior. 

Estado: E o que aconteceu depois, por que esse trabalho parou?

Korda: No final dos anos 60, o governo criou um departamento de fotografia para retratar os líderes revolucionários. Esse departamento estava vinculado ao Ministério do Interior. Para trabalhar nele era necessário ser militar. E como eu não gosto da carreira de militar, resolvi fazer outro tipo de fotografia. 

Estado: O senhor não podia voltar para fotografia de moda. Resolveu fotografar o que? 

Korda: Fui fotografar o fundo do mar. Durante doze anos me dediquei à fotografia submarina e posso lhe garantir que esse tipo de trabalho me deu imenso prazer. 

Estado: O senhor foi o fotógrafo pessoal de Fidel Castro, contudo a sua foto mais famosa é a imagem do Che Guevara, que ironicamente acabou se tornando uma das imagens mais divulgadas do mundo capitalista. Como o senhor vê isso?

Korda: Acho muito interessante essa capacidade do capitalismo de transformar mitos em mercadoria. É a forma mais eficaz para desmistificá-los. Che Guevara morreu há trinta anos e hoje muitas crianças ou jovens que nem eram nascidos na época, e muitos menos sabem quem era Che usam sua imagem nas roupas como se estivessem vestindo uma malha com um personagem da Disney.  Perdeu totalmente a razão de ser. 

Estado:  A quantas anda a fotografia cubana?

Korda: Vai muito bem. Existe um grupo de jovens realizando trabalhos muito interessantes. São pessoas muito atuantes e ligadas às várias correntes da fotografia. É um novo olhar. Enquanto nós estávamos preocupados com a fotografia realista eles se preocupam mais com o aspecto artístico. Pena que seja muito difícil encontrar material fotográfico. Temos grande dificuldade em obter filmes, papel e químicos. Eu já sou da velha geração, mas vejo os jovens  realizando um belo trabalho. 

Estado: O senhor continua fotografando?

Korda: Raramente. A maior parte do meu tempo estou envolvido com essa exposição que esta correndo o mundo. E só fotografo quando um assunto me interessa muito. 

Estado: E quais são os assuntos que lhe interessam?

Korda: Em geral o ser humano. A fotografia sempre foi o meu meio de vida, foi um grande amor. Fui o primeiro fotógrafo em Cuba a fazer fotos de moda, porque amava as mulheres e a forma como se vestiam. Esse amor foi superado pelo meu amor pela Revolução, em seguida veio o fundo do mar. Mais do que um meio de subsistência a fotografia sempre me deu um grande prazer.  

Estado: E o que o senhor conhece da fotografia brasileira?

Korda: Alguma coisa, já que tenho alguns livros. Sempre considerei a fotografia brasileira como a vanguarda da América Latina. Vocês sempre tiveram ótimas revistas. Antes da Revolução, quando ainda era fotógrafo de moda, portanto no começo dos anos 50, a revista Cruzeiro fez uma reportagem comigo. Fiquei encantado com a matéria.